quinta-feira, 26 de março de 2009

Sobre o Prêmio Capoeira Viva 2007

Caríssim@s

Salve!

Aqui em Feira de Santana tivemos aprovados dois projetos de estudos e pesquisas do Prêmio Capoeira Viva 2007: HORALCAP: Conversando com Mestres de Capoeira em Feria de Santana, nº de inscrição 37200 e FEIRA DE CAPOEIRA: História em Imagens Fotográficas, nº de inscrição 37289.

Ambos estão sem receber a 2ª parcela, como centenas de outros projetos premiados pelo Brasil a dentro.

Uma série de atitudes no mínimo questionáveis têm sido verificadas ao longo desse processo: repetidas solicitações de documentos; sai uma coordenação entra outra e novo pedido de envio de documentos.

Agora estão solicitando que eu troque o meu CPF porque está com nome de solteira, o que vai impedir o pagamento da 2ª parcela.

São tantas coisinhas miúdas que, infelizmente, comprovam de público que não basta ter o nome de um grande poeta brasileiro para uma instituição ser qualificada a tomar para si a coordenação de um trabalho importante.

O mais grave é que, embora a capoeira seja agora Patrimônio Cultural Brasileiro, ainda é uma expressão cultural - como as tantas outras ditas populares - que carece de representação digna, de fato e de direito.

A nossa história, infelizmente, contribuiu para isso. a lei do cada um por si é muito perversa, obriga a ficar cada um no seu canto sofrendo o seu tanto. somente um episódio execrável como este - o atraso no pagamento da 2ª parcela do Prêmio Capoeira Viva 2007, outra coisa questionável, parcelar o pagamento de uma premiação! - é que está promovendo a interação entre os premiados.

Em 2008 criamos um grupo virtual de discussão denominado Grupos de Capoeira da Bahia e lançamos o convite aos Pontos de Cultura que trabalham com capoeira. Seria um espaço para estarmos trocando informações, estreitando laços, aproximando objetivos, partilhando as buscas para sanar as dificuldades e somando nossos parcos recursos. Infelizmente até o momento nenhuma resposta. seja por dificuldades de acesso à cultura digital, seja por não acreditar na proposta, seja por não querer "vestir a camisa dos outros" como se diz no mundo da capoeira.

É realmente lamentável que tenhamos chegado a esta situação: Irá completar um ano desde a divulgação dos resultados do Edital Capoeira Viva 2007, em 04 de abril de 2008.

Aos que já receberam a 2ª parcela parabéns e sucesso no trabalho!

Aos que ainda não receberam, vamos continuar na luta.

Axé!

sexta-feira, 13 de março de 2009

A ausência da mulher nos livros didáticos de História do Ensino Fundamental

Analisando os livros didáticos adotados para a disciplina História do Ensino Fundamental, no Instituto de Educação Gastão Guimarães nos anos 2003-2004, observei que o sujeito histórico mulher está praticamente ausente desse instrumento didático importante para o trabalho pedagógico.

A motivação inicial foi a reflexão quanto ao ser mulher, estudante e profissional da educação, de que a mulher, enquanto sujeito histórico, é mantida em ausência e silêncio na escola, embora a mesma seja maioria tanto no corpo docente quanto discente.

Através de uma pesquisa qualitativa junto a professoras de histórioa, foi possível concluir que a ausência da mulher nos livros didáticos acaba contribuindo para os seguintes direcionamentos:
1. o recurso à alternativa de complementar o livro didático, através de textos e dados historiográficos para assim contemplar a mulher na história;
2. que explorem nos conteúdos do livro adotado as referências pontuais sobre a mulher ou
3. que permaneçam indiferentes à questão.

Na pesquisa junto a alunas e alunos do Ensino Fundamental das 5ªs às 6ªs séries, foi feito o levantamento das representações de mulher que permeiam as relações sociais em geral e também as que se desenvolvem no espaço escolar. a mulher importante mais citada por alunas e alunos foi a mãe. E a referência à professora como "segunda mãe", evidencia a proximidade na representação de ambas, mostrando que os discursos historicamente produzidos sobre a mulher engendraram representações que encontram canais de transmissão e perpetuação chegando através do imaginário social.

Entretanto, os conteúdos que abordaram as mulheres foram lembrados e citados satisfatoriamente, o que leva à conclusão de que a escola tem um papel importante nas mudanças possíveis e necessárias, na medida em que os educadores buscarem refletir sobre a própria prática educativa e a importância do trabalho pedagógico planejado para mudar esse dado.

Texto inédito.

CAPOEIRA E EDUCAÇÃO

As mudanças verificadas na distribuição geográfica da população mundial desde o início do século XX até esse início do século XXI são muito grandes, com um considerável deslocamento da população do campo para a cidade. No Brasil e na Bahia esse fenômeno também vem ocorrendo. Entretanto ainda existem comunidades que continuam vivendo em bairros ou distritos que mantém características rurais, mesmo nas proximidades dos grandes e médios centros.

Por suas expecificidades culturais, econômicas e históricas próprias, são populações que apresentam necessidades peculiares e demandam dos poderes públicos ações muito bem planejadas de modo a alcançarem resultados eficazes.

A comunidade do Rosário, Fazenda Rosário, distrito de Jaíba em Feira de Santana, apresnta um número significativo de afro-descendentes e a iniciativa de levar a capoeira como uma atividade física e cultural partiu de seus representantes através da ASCOR (Associação Comunitária do Rosário).

Desde os primerios contatos, em 2006, notamos as manifestações musicais com fortes marcas afro-descendentes e a desenvoltura oral. Os encontros subsequentes revelaram o interesse de conhecer a própria história e a necessidade de torná-la conhecida pelas gerações mais jovens.

O PROCURO - Projeto Cultural do Rosário, tendo como chamariz a capoeira, tornou-se veículo de educação formativa nos sentidos teórico e prático na área de ciências humanas e linguagens junto a crianças, jovens e adultos oriundos da comunidade do Rosário, possibilitando a expressão, o registro e a divulgação das suas manifestações culturais: a contação de histórias e causos, as músicas, as danças, o reisado, as rezas, a culinária e a medicina alternativa.

Os resultados deste projeto foram apresentados no Encontro Regional de História Oral que aconteceu na UESC, em 2007.

CULTURA AFRO-BRASILEIRA E PRECONCEITO NA ESCOLA

Por entender que a cultura - tomada aqui numa perspectiva antropológica, como uma "teia de significados" (Geertz, 1987) a serem compreendidos - é por excelência um espaço de luta e afirmação política, e que o "pré-conceito" e a identificação étnica se inscrevem na arte estratégica de auto-afirmação do "eu" em relação aos "outros", propus, em 1999, a inserção dos temas referidos enquanto conteúdos para as turmas de 8ª série do ensino fundamental no Colégio Polivalente de São Sebastião do Passé, na Bahia.

Pretendia "aproveitar" o clima de "comemorações" dos "500 anos de descobrimento" para refletir, junto à comunidade, sobre questões importantes da história passada, presentes ainda hoje na realidade brasileira, como o preconceito velado ou explícito, que permeia as relações étnicas no Brasil e a tão propalada "democracia racial".

Tinha como objetivos possibilitar aos alunos a identificação histórica e o redimensionamento das contribuições culturais africanas para a sociedade local, interpretar e criticar a organização da sociedade a partir de fatos e situações reais da região, transpondo as críticas para o Brasil e o mundo e contribuir para a construção social da identidade cultural na sociedade sebastianense.

A história lçocal foi importante para tornar significativo o estudo da história, levando os alunos a perceberem que a mesma também é construída por pessoas que não fizeram "grandes feitos" mas encontraram formas diversas de engendrar a própria história.

A utilização, pelos alunos, das fontes locais permitiu a familiarização com a metodologia da pesquisa oral, sensibilizando-os para o exercício de produção de conhecimento histórico e a intervenção social.

Os resultados do projeto foram apresentados no Encontro Regional de História Oral na UESC, em 2007.

quarta-feira, 11 de março de 2009

A inserção da mulher eno mercado de trabalho e as transformações na família

Em Feira de Santana, no final da década de 60 houve um incremento de diversas áreas da economia, inclusive com a confecção de roupas, que chegou a atender mercados como os dos Estados de Sergipe, Pernambuco e Piauí.

As indústrias de confecção de roupas possibilitaram que muitas mulheres ingressassem no mercado formal de trabalho, mediante o cumprimento de alguns requisitos: experiência anterior; condição moral e social condizente com o perfil da empresa; a família; o estado civil; o número de filhos e o local de moradia.

Para realizar este estudo a história oral permitiu a aproximação com o universo em que se desenrolou o processo conflituoso da transição da atividade desenvolvida na própria casa para o âmbito do mercado de trabalho formal.

Representações sociais, Educação escolarizada e Livros didáticos

Durante o Curso de Especilaização em História (UEFS/IAT 1998) tive a oportunidade de desenvolver um estudo mais sistemático sobre as representações dos educando no livro didático de história.
A cultura, o ensino e este importante recurso muito utilizado nas escolas, qual seja o livro didático, estão articulados de forma a contribuir para a organização social, ao tempo em que veicula o olhar de determinados grupos sociais sobre outros.

Os textos, as expressões, ilustrações, presenças e ausências evidenciam, reproduzem e reforçam as hierarquias sociais.

Oa resultados desse estudo estão no livro Representações sociais em livros didáticos de história. Inédito.

A educação na Obra de Graciliano Ramos

O meu interesse pela educação na obra de Graciliano Ramos surgiu de uma experiência de pesquisa nos arquivos de Feira de Santana.

Em 1997 estava concluindo a Licentiatura em História, quando fui convidada para trabalhar como auxiliar de pesquisa no projeto da profa. Ione Celeste de Souza (UEFS) sobre representações da normalista em Feira de Santana. Consultando os periódicos locais tive contato com notícias sobre acontecimentos modernizadores, a exemplo da escolarização, que definiram o perfil de Feira como urbe civilizada nas primeiras décadas do século XX. Em 1935 a cidade foi sede da Semana Ruralista, um evento liderado pela Sociedade dos Amigos de Alberto Torres (que foi também programado para outras cidades brasileiras), durante a qual a Escola Normal de Feira de Santana (1927) passou a chamar-se Escola Normal Rural de Feira de San tana (1935), marcando uma nova etapa da história local. A partir de então a cidade, "iluminada" pelas letras, tornou-se centro irradiador de um projeto que visava formar professores para "iluminar" o sertão mergulhado na "escuridão da ignorância".

Foi sabendo desses acontecimentos e discursos que, ao reler Vidas Secas para a seleção do Programa de Pós-graduação em Literatura e Diverdidade Cultural, tive a atenção voltada para a referência recorrete à escolaridade que faltava ao sertanejo Fabiano, o seu ressntimentopor nunca ter ido à escola e o sonho de educar os filhos.

Senti o desejo de conhecer melhor o contexto em que o romance foi escrito para entender o diálogo de Graciliano Ramos com as questões de sua época e buscar os pontos de aproximação ou distanciamentop entre as imagens representadas ficcionalmente e aquelas veiculadas pela Semana Ruralista.

Os resultados estão na dissertação de mestrado intitulada Escolas da Vida e Grafias de má morte: A educação na obra de Graciliano Ramos, depositada na Biblioteca Central da UEFS e no livro A Educação na Obra de Graciliano Ramos: Escolas da Vida e Grafias de Má Morte.